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Os permissivos legais que referendam a prática do aborto săo atravessados por controvérsias morais e tecnocientíficas. Na impossibilidade de precisăo matemática da avaliaçăo do risco na gestaçăo, aspectos subjetivos como crenças morais e religiosas, valores culturais e experięncias de vida entram em cena. Os caminhos teóricos percorridos neste trabalho fundam-se na noçăo foucaultiana de biopolítica para articular a compreensăo do aborto como um objeto de controle governamental e a linguagem dos riscos como estratégia de efetivaçăo desse controle. A análise discursiva realizada focalizou os argumentos apresentados por profissionais médicos. Os principais resultados sinalizaram que o conceito de risco indica a relaçăo entre fenômenos individuais e coletivos, expresso na linguagem matemática das probabilidades, muitas vezes determinada pelas biografias pessoais e profissionais. Ao focalizar o aborto por risco de vida da gestante buscamos visibilizar as tensőes que tornam legítimo o aborto em alguns casos e criminalizado em outros, na tentativa de oferecer aos leitores a possibilidade de refletir sobre o tema a partir da análise de experięncias da vida cotidiana.