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Ao longo das últimas décadas observamos uma crescente demanda pelas práticas do xamanismo urbano no mundo ocidental que, além de atrair as populaçőes indígenas para este mercado em expansăo, obrigou os antropólogos a refletirem cada vez mais sobre o fenômeno. Neste diálogo entre índios e moradores de grandes cidades, muitas vezes mediado pelo consumo da ayahuasca, o xamanismo se apresenta como uma instituiçăo dotada de grande capacidade adaptativa aos novos tempos de intensa interaçăo entre culturas onde os antigos "primitivos" năo se encontram mais isolados no interior de seu desenvolvimento histórico. Partindo de situaçőes reais de interaçőes vivenciadas ao longo dos quatro anos de pesquisa de campo estudando um ritual terapęutico de consumo de ayahuasca conduzido por dois jovens pajés Kaxinawa, deseja-se propor uma discussăo sobre as compatibilidades equívocas que tornam possíveis a interaçăo de índios e brancos neste contexto de consumo urbano de ayahuasca.